Elaborando projetos de forma participativa
17 de Setembro de 2018 às 07:00
Um dos maiores desafios para as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) está na estruturação de processos e na definição de uma metodologia para o desenvolvimento e gerenciamento de projetos. Existem métodos e formas variadas para produzir projetos, mas, ainda não temos prática nem disciplina para atender o passo a passo definido por algumas metodologias.

A ideia deste artigo não é abordar sobre uma metodologia especifica ou apresentar alguma fórmula de química que ao realizar a sua mistura exploda “Boom!” e apareça um projeto 100% planejando. Sabemos que isso não é possível, mesmo sendo um “Alquimista” ou se dedicando a um curso de mágica coaching. Tudo é questão de disciplina, dedicação e tempo.

Já aconteceu com você, quando o gestor maior da organização lhe solicita a produção de um projeto, para atender um edital faltando uma semana e não tem nada pronto? Acredito que já chegou até na situação de faltar 1 (um) dia do encerramento e ele ainda dizer que não podemos perder a oportunidade. São esses momentos que reafirmo que as organizações precisam estruturar seus processos e métodos para o desenvolvimento e gerenciamento de projetos. Nesses cenários citados que acabam colocando os profissionais a se submeter a erros, e um deles é fatal “elaborar o projeto sozinho”.

Antes de iniciar o desenvolvimento de qualquer projeto, veja se a organização já tem uma estrutura organizada, processo ou métodos definidos. Caso não tenha, oriente a organização a se dedicar e investir um tempo na construção desta estrutura, assim irá facilitar os trabalhos futuros. Muitos gestores de organizações afirmam que planejar é custo e tempo com pouco resultado. Então surge o velho dilema de que planejar “é uma perca de tempo e dinheiro”. Como afirmei no início deste artigo e ratifico aqui, que ainda não somos “disciplinados” para nos dedicarmos a um planejamento, alcançar as metas ou manter atualizado o cronograma, sempre o deixando amarelar por falta de informações.

De qualquer forma a participação de outros interessados no projeto é fundamental, separei alguns pontos que considero importantes:

1. Discuta bem o projeto com os Diretores da organização, veja se está de acordo com a política, missão e valores, os Diretores serão os maiores aliados que precisa;

2. Realize um levantamento dos stakeholders (partes interessadas) do projeto, ligados diretos e indiretos, fazendo um planejamento e identificando seus perfis, organizando sua participação no projeto e qual sua influência de decisão;

3. Organize um cronograma de encontro com os stakeholdes, sempre observando o seu plano. Será importante para captar informações, principalmente de quem é beneficiado e de quem é investidor do projeto;

4. Seja criativo, organize as reuniões de forma motivadora. Com o tempo irá entender que participar vai além do simples fato de estar presente no processo, e sim de fazer parte. Quem não gosta de fazer parte, se sentir produtivo, e ter um processo de forma qualificada por meio de decisões coletivas.

Jamais elabore um projeto sozinho, não tente ser o Chico Xavier (ele foi uma pessoa diferenciada) colocando a mão na testa e imaginando o que o papel deve receber de informação. Não faça como o Governo Federal, que desenvolve programas para a região norte de Brasil e seus gestores de projetos não saem dos seus gabinetes para compreender a realidade local, simplesmente pesquisa na internet acreditando nas informações, e no momento da sua execução, começam a distribuir casas de farinha para quem não planta mandioca ou macaxeira ou aipim. Enxergo como um dos pontos importante no planejamento do projeto é a democratização da informação, de forma participativa, compartilhada e entusiasmada, desta forma consegue-se boas informações para o planejamento do projeto. 

Espero que essas colocações possam servir como um despertar, para trabalhar de forma que melhore as condições de tomadas de decisões e ações em conjunto. Desta forma facilitará a integração e incorporação do conhecimento, experiência e principalmente as necessidades do grupo, seus parceiros, voluntários e colaboradores. 




Rafael Vargas (ABCR 01332), Conselheiro da ABCR. Empreendedor Social, professor, palestrante, assessor e consultor. Atua como Assessor Técnico do Terceiro Setor no Governo do Estado de Rondônia para o desenvolvimento legal da política do setor. Articulador e Sócio Fundador do Instituto Norte Amazônia de Apoio ao Terceiro Setor (INATS) que tem como missão profissionalizar as organizações em gestão, planejamento, projetos e captação de recursos onde está como Diretor Presidente. Desde 2009 é Voluntário do Centro Social Madre Mazzarello. Professor da Escola Aberto do Terceiro Setor e Professor da Captamos; Membro multiplicador da REDE SICONV do Estado de Rondônia. Graduado em Administração pela Faculdade Interamericana de Porto Velho (UNIRON); Pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade Porto/FGV; Pós-Graduando em Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas.


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