O que é captação de recursos?
13 de Dezembro de 2015 às 18:03
Toda organização da sociedade civil (ou “ONG”, no mais popular) precisa de recursos para se manter. Tirando os institutos corporativos, ou as fundações familiares, que têm orçamento próprio garantido, a grande maioria das demais ONGs efetivamente necessita desenvolver uma estratégica específica para trazer recursos – principalmente dinheiro - para que ela seja capaz de cumprir a sua missão e ter impacto real na sociedade. E é essa estratégia que chamamos de captação de recursos.
Na teoria, a captação de recursos é o processo estruturado desenvolvido por uma organização para pedir as contribuições voluntárias de que ela precisa, sejam eles financeiros ou outros recursos, buscando as doações com indivíduos, empresas, governos, outras organizações e etc.
Na prática, captação de recursos significa ter uma equipe dedicada a pensar em ideias criativas para trazer as doações, a aproximar a organização da comunidade, a defender que ela seja o mais transparente possível e etc. Captar recursos é, principalmente, ter pessoas na organização que entendem que o trabalho delas é fundamental para conseguir os recursos tão importantes para que a ONG tenha impacto e seja transformadora na sua atuação, cumprindo integralmente a sua missão.
Fazendo uma paralelo bastante comum, a captação de recursos representa para as organizações da sociedade civil o que a área de tributos representa para a administração pública (trazer o dinheiro via impostos e taxas) e a área comercial para as empresas (trazer o dinheiro a partir da venda de produtos e prestação de serviços). É, portanto, uma competência estratégica e fundamental para a sustentabilidade financeira das ONGs e, pelo menos em teoria, não deveria haver uma única organização da sociedade civil sem um plano de captação e pelo menos um profissional responsável por priorizar o assunto (a não ser, como já citado acima, em caso institutos corporativos e fundações familiares, que não precisam de recursos de terceiros para se manter).
Uma área e uma estratégia com esse perfil específico, de pensar exclusivamente em como trazer as doações para garantir a sustentabilidade financeira, só existe nas organizações da sociedade civil, no que chamamos de Terceiro Setor. Lá fora, em inglês, é chamada de “fundraising”, ou “levantar fundos”.
Como resultado da existência desse setor, há também uma profissão específica, a do “captador de recursos”. O captador (ou mobilizador de recursos, ou profissional de desenvolvimento institucional) é o responsável por garantir a sustentabilidade das organizações, justamente porque trabalha para trazer as receitas delas, as suas doações.
Captação de recursos, no entanto, não é um termo exclusivo das organizações da sociedade civil, e há inúmeros outros casos em que é realizada: produtoras culturais fazem captação de recursos para seus projetos (patrocínios), políticos captam recursos para suas campanhas eleitorais e até empresas captam recursos financeiros para se alavancar (nesse caso, são empréstimos).
A grande diferença é que somente as organizações da sociedade civil têm na captação de recursos a sua principal estratégia para se manter financeiramente no tempo, fazendo disto algo permanente, e se especializando em pedir doações dos indivíduos, empresas e quem mais acreditar no trabalho que elas realizam.
Captar recursos para as ONGs – e, portanto, pedir doações – é parte da sua razão de ser, é parte da sua estrutura e é o que as mantém. Captar recursos de forma perene e estratégica, aproximando doadores que acreditam no trabalho que elas realizam, faz com que as organizações tenham muito mais impacto e legitimidade, e maior possibilidade de alcançar a sustentabilidade financeira. Dessa forma, estarão sempre atuando por um país melhor para todos.
João Paulo Vergueiro, diretor executivo da ABCR – Associação Brasileira de Captadores de Recursos, administrador, mestre em administração e professor da FECAP.
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