Potencializar voluntariado exige plano claro e treinamento
30 de Agosto de 2016 às 10:17
No mundo de hoje, poucas coisas são tão escassas quanto o tempo. Por isso o trabalho voluntário é algo tão precioso, e por isso as organizações da sociedade civil (OSCs) devem se preparar bem para receber voluntários e ter clareza sobre os tipos de serviços que precisam ser executados. Parece óbvio, mas muitas desperdiçam contribuições valiosas.

"A organização tem de fazer um diagnóstico sobre onde e como as pessoas podem contribuir e apresentar oportunidades claras de trabalho voluntário, com carga horária e qualificação necessária", aconselha Silvia Naccache, coordenadora do Centro de Voluntariado de São Paulo.

Foi o que fez o programa Mais Vida, do Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba, especializado em pediatria. Para colocar voluntários em várias esquinas da cidade arrecadando recursos diretamente com o público, abriu um processo de convocação. “Descremos exatamente o que seria feito e do que precisávamos, com foco principalmente nos jovens", conta a idealizadora do projeto, Renata Iório, vice-diretora de relações com investidores do hospital.

Outra estratégia recomendada por Silvia – e também adotada pela instituição curitibana – é treinar os voluntários antes de lidarem com o público. "Os voluntários que se inscreveram tinham de participar de uma capacitação de 320 horas sobre o trabalho do hospital e sobre a saúde no Brasil, para que pudessem falar com propriedade na hora de pedir doações", diz Renata.

A carga horária elevada teve um custo – cerca de 50% dos inscritos desistiram. Mesmo assim, o Pequeno Príncipe levou cerca de 320 voluntários para as ruas de Curitiba em 26 e 27 de novembro do ano passado. Eles foram divididos em equipes, cada uma sob liderança de um representante do hospital. Contaram com estrutura de alimentação e segurança – e arrecadaram R$ 65 mil.

Também foi atingido o principal objetivo – aproximar o hospital, já com larga experiência em trabalho voluntário, dos mais jovens. Eles foram a maioria.

Responsável

Para criar um voluntariado eficiente, o ideal é que a organização tenha ao menos uma pessoa coordenando a área. A Associação CitiEsperança já percebeu como isso é importante. Fundada em 2005 e formada por funcionários do banco Citi, a entidade está revendo sua governança e terá, pela primeira vez, uma diretoria de voluntariado.

"Foi a maneira que encontramos de dar mais respaldo e reconhecer o trabalho de quem doa seu tempo, além de trazer para os voluntários os resultados dos trabalhos que eles fazem", afirma Sami Elia, do comitê executivo da organização.

As 20 pessoas que tocam o dia a dia da organização são voluntárias, mas viu-se que vale a pena dar atenção especial a mobilizações pontuais, como na Páscoa e no Natal. "Levamos entre 30 e 50 voluntário para comunidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Queremos fazer algo mais profundo do que apenas doar brinquedos para crianças", comenta Elia.


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