Eu doo, regularmente, para quatro organizações. As pessoas me perguntam, mas para que? A doação, para mim, é um ato cidadão, político e uma forma de direcionar meu dinheiro para a construção do país que acredito.

As ONGs nada mais são do que a representação da sociedade civil. Você sente desconforto com um tema, quer ver uma mudança na realidade em que vive, mas para isso não vai abrir uma empresa. O governo não da conta de todos os problemas e para alguns o ignora, o que você faz? 

Ou você começa a trabalhar pelo tema, ou busca algum indivíduo que já teve a mesma indignação que você e está fazendo algo por isso e o apoia.  Ou, claro, você não faz nada e apenas reclama.

Países desenvolvidos tem muitas ONGs - muitas pessoas que se organizam para resolver os problemas e que sabem que nenhum governo do mundo, por melhor que seja, da conta de olhar para tudo.

Temos, no Brasil, mas de 800 mil organizações, todo e qualquer um dos 5.570 municípios do país tem uma organização buscando, muitas vezes a duras penas, resolver um problema. A casa do Zezinho atua com crianças, o ISA olha entre muitas questões, a representação dos direitos dos índios, a SOS Mata Atlântica busca nos alertar sempre para as questões de uma floresta que está desaparecendo, a Minha Sampa, junto com um conjunto de outras organizações, abriu a avenida Paulista aos domingos, porque é uma organização que está olhando as questões que poderiam fazer de São Paulo uma cidade mais aberta, uma cidade que olha para as pessoas. 

Sou uma defensora da democracia e sei que um dos indicadores de uma sociedade que respeita o livre pensar de seus cidadãos é a presença de ONGs, sem interferência do Estado. São países que respeitam que seus cidadãos vão se organizar para resolver os problemas de seu país da maneira como acharem que devem.

No Brasil, no entanto, a cultura de doação ainda é algo discreto. Embora em 2016 o brasileiro tenha doado 13 bilhões no ano, as pessoas doam pouco e falam pouco sobre.

Alguns movimentos têm buscado mudar essa realidade, como o Dia de Doar, que este ano acontecerá dia 28 de novembro.

O GIFE é uma organização que busca entre suas agendas, aumentar a cultura de doação no país e melhorar o ambiente regulatório para que isso aconteça. Uma das ações para isso é o lançamento da SustentaOSC, uma websérie que trará todas as questões que envolvem o fortalecimento e sustentabilidade de organizações da sociedade civil, contada por especialistas. A websérie traz um capítulo por semana com organizações como FGV, IPEA, Fundação Lemman, Greenpeace e muito mais, produzida pela Mova.

Para aqueles que gostariam de entender mais do tema da doação no Brasil e quem sabe contribuir para uma sociedade civil mais forte, ativa e vibrante, recomendo.

Acesse a websérie.



 

Mariana Bombonato Moraes é formada em comunicação social pela ESPM, com pós-graduação em jornalismo na Faculdade Cásper Libero e comunicação digital pela Universidade de Sydney. É uma das idealizadoras do Narrativas e do projeto Verdes Marias, além de professora de Psicologia Social e Terceiro Setor na Universidade de Santo Amaro (Unisa) e gerente de comunicação do GIFE.